11/04/2011

Entre formigas e salmões

O jornal norte-americano, The New York Times, colocou no Brasil o repórter Alexei Barrionuevo como substituto de Larry Rohter, que havia se incompatibilizado com Lula (foi ele quem disse que Lula gostava de uma birita).

O escritório do NYT no Rio cobre basicamente todo o Cono Sul e, claro, Barrionuevo acabou se envolvendo em novas polêmicas com os poderosos, sendo repudiado no blog de campanha de Dilma Rouseff. Mas isso não nos interessa aqui.

O que interessa é que Barrionuevo costuma acompanhar, com sensibilidade, algumas questões ligadas ao meio-ambiente que são de importância para a alimentação.

Foi ele quem levantou, há anos, com grande impacto, a crise da indústria do salmão no Chile, mostrando o comprometimento do produto por parasitos e, em decorrência, pelo uso abusivo de antibióticos não admitidos pelo poderoso FDA norte-americano.

O efeito da matéria foi devastador nos EUA. Varias redes de supermercados pararam de comprar o produto e a indústria chilena acusou-o de estar a serviços dos produtores noruegueses. Mesmo assim, ele não abandonou o terreno: em 2009 mostrou, utilizando dados oficiais, que o Chile ainda usava 350 vezes mais antibióticos em suas fazendas de salmão do que a Noruega, o país líder na produção desses frangos d´água.

Os antibióticos da família quinolone, proibidos pelo FDA, são utilizados no Chile para combater a bactéria parasita rickettsia.

Em janeiro, Alexei Barrionuevo fez outra denúncia, agora sobre o uso abusivo de pesticidas no Brasil, comprometendo a velha tradição rural de se comer formigas içá.

A sua reportagem está focada em Silveiras, em São Paulo, onde o número de formigas tem sido cada vez menor graças aos pesticidas utilizados nos reflorestamentos de eucalipto.

Alexei mostra como, na Colombia, tradição semelhante tem sido fonte de receita extra para moradores que exportam as coluna hormigas para a França e Grã-Bretanha, onde são consumidas banhadas em chocolate. Mas em Silveiras, vive-se, ainda, uma certa vergonha por se comer formiga. Um hábito indígena massacrado pela “civilização” que permite, agora, o avanço incólume do envenenamento ambiental.

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