31/05/2012

Procura-se motorista para o Rolls Royce culinário

Paladar traz, como capa, a comemoração dos 60 anos do reinado de Elizabeth II através de produtos que tem o seu “by appointment”. Bem sem graça como matéria republicana.

Comida traz na capa assunto que reflete a mudança de hábitos dos paulistanos bem de vida: comer em casa com mais qualidade, contratando chefs como orientadores. A matéria de Priscila Pastre-Rossi dá uma mapeada no problema, mostrando algumas soluções em vigor. Ela mesma continua generosa com o jornal: recordemos que vendeu uma moto para comer em restaurantes estrelados em Paris e fez sua matéria, aparentemente sem custo para o jornal; agora, oferece sua casa para o “teste” do chef em domicílio.

Desde que em algum momento do passado recente as construtoras resolveram oferecer “cozinhas gourmet” para os apartamentos vendidos na planta, um novo problema surgiu para os casaizinhos prósperos: o que fazer nesse espaço enquadrado num uso que não se domina bem? Há de tudo: desde varandas com churrasqueiras que apagam sob a força irresistível dos ventos altos até cozinhas muito bem equipadas, que parecem Ferrari com as quais não se pretende fazer mais do que dar a volta no quarteirão.

Pois coloque um chef experiente para pilota-la, aprenda a fazer o seu risoto, convide amigos e se divirta sendo rainha (ou rei) por um dia. Se conseguir reter ensinamentos duradouros (multiplicáveis), sorte sua. Na matéria, bons professores indicados, como Julien Mercier, hoje no Mocotó.

São hábitos que se multiplicarão, não há dúvida. Como os personal trainers que desbordaram na onda das academias. São formas de concatenar a individualidade e o privatismo com a moda, que é algo sempre coletivo.

Mas se o carro do camarada for um Rolls Royce, e não uma Ferrari, provavelmente ele nunca tocará no volante, como ocorre com a maioria dos proprietário do carro britânico. Terá um motorista. E para o fogão Gaggenau ou assemelhado pode ocorrer o mesmo: ter uma empregada bem treinada no seu uso. A matéria falha ao renunciar a mostrar um pouco mais desse mercado, com empresas especializadas no segmento, como a Dedo de Moça.

Alexandra Forbes conta como viveu seu dia de Anthony Bourdain, e como Anthony Bourdain, em São Paulo, viveu seu dia de Alexandra Forbes. A Alexandra Corvo faz o passeio pelo “lado floral” (sic) de Bordeaux, em contraste com o lado duro e potente comentado na semana anterior.

Matéria de André Barcinski sobre cachaça de Parati não diz nada de novo. Afinal, o que essa cachaça e tradição têm de relevantes além de terem servido de objeto de escambo para os mercadores de escravos? Faltou dizer até isso.

2 comentários:

Maurício Maia disse...

Carlos Alberto, creio que o mais importante que poderia se falar hoje sobre a cachaça de Paraty - e também foi omitido na matéria - é que os produtores dessa cidades são os pioneiros em ter o selo de IP (indicação de procedência geográfica) para a sua bebida. Este IP é conferido pelo INPI - Inst. Nacional de Propriedade Industrial. Outras regiões já possuem e/ou estão em processo de certificação.
Estarei palestrando - e degustando - sobre isso no Paladar deste ano.
Abraço.

luiz horta disse...

Bourdain está escrito certo, depois errado, Carlos. O caboclo trocaletras pegou vc, abraço, L

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